segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Anseios

Anseios...


Uma palavra que poderá respirar tanto, mas produzir tão pouco. Aquela palavra que nos abraça, ora suave e resplandecente, ora languidamente atroz. Esse abraço será sempre o testemunho das cores da nossa alma, da imensa paleta de cores que nos consome dia após dia. A selecção criteriosa destas , o cuidado entre uma conjugação de tons, por vezes tatua a nossa face. O nosso mundo.


É o processo de nos conseguirmos ler. Através da alma, de um coração que deseja o infinito escondido para lá do horizonte. Essas cores por vezes parecem-nos tão diminutas. Ou mesmo baças, desfocadas...


Anseio de correr por entre o mundo e abraçá-lo como tal. Este mundo que é nosso, mas nosso como realidade e como pintura. Onde podemos marcar uma página, com as nossas mãos, e lê-la com amor. Como autores, como artesãos de um caminho partilhado, que será sempre de todos e para todos. O caminho deambulante de memórias, numa jornada incessante de tristeza e de felicidade.


Esta dualidade, esta dicotomia que mormente se instala numa fragrância diária, é o resultado de mil pensamentos, e de outras tantas acções e jornadas. É o produto de um crescimento e desenvolvimento interior e metafísico, perante o meio ambiente cultural e geopolítico. É o que somos, e para o que somos, num exercício de querer e saber ser.


Não podemos ser sempre felizes, ou estar sempre inundados num sofrimento lânguido. O equilíbrio vivencial atinge-se quando na tristeza reconhecemos o odor rejuvenescedor de entoações, e quando na felicidade procurámos nunca estar sozinhos. A balança equilibrada resulta no conhecimento que a vida se abre perante a fidelidade de suspiros e memórias, perante o amor que trará sempre sensações antagónicas.


No museu de sensações, de respirares, de momentos marcantes, lacrados de lágrimas e de sorrisos, identificámos percursos, vozes, corações, faces. Identificamos a vida, com todas as suas repercussões e capítulos particulares.



Este espaço será a continuação desse museu, o seu ainda maior enriquecimento.



Todos temos oportunidade de agarrar nas nossas cores, nos nossos anseios, deixando-os fluir, livremente, neste manuscrito partilhado de sensações, de opinião, de vida.




Carlos Silva

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